Recife
amanhece envergonhada e triste pela violência de Estado praticada contra
pessoas pacíficas e indefesas que formam o movimento Ocupe Estelita, no Recife.
Nós,
do Comitê Popular da Copa Pernambuco, do Fórum estadual de Reforma Urbana, do
Fórum de Mulheres de Pernambuco. Movimento Ocupe Estelita e do Grupo Direitos
Urbanos vimos a público repudiar essa violência praticada hoje e também nos solidarizarmos
com o movimento Ocupe Estelita e as pessoas que foram machucadas, atingidas e
brutalmente arrebatadas daquele espaço.
A
forma autoritária, violenta e sorrateira como agiu o aparato militar do governo
de Pernambuco (descumprindo acordos públicos iniciais entre Prefeitura do
Recife, iniciativa privada, autoridades judiciárias e muitas organizações da
sociedade civil pelo direito à cidade) deixa um saldo vergonhoso e uma marca
covarde sobre um processo legítimo, democrático e participativo pelo direito à
cidade que tem envolvido muitas organizações, coletivos, fóruns,
redes, articulações, universidades e ativistas de direitos humanos que atuam na
defesa de uma cidade democrática e justa para todos e todas.
Por
enquanto quem perde é a cidadania que, certamente, irá resistir e disputar na
sociedade e na opinião pública os verdadeiros sentidos de uma cidade
democrática. O que está em jogo nessa forma violenta de agir do estado é mais
do que um amontoado de projetos urbanístico para a região central do Recife.
Está em jogo o papel da sociedade, dos conselhos e da inteligência social e
coletiva sobre a forma e o uso do espaço urbano da metrópole, crescentemente
entregue às decisões do capital imobiliário para projetos que servirão apenas
às classes sociais que já possuem os melhores bens e serviços urbanos
construídos com gorda parcela de investimentos públicos.
Assim
como os movimentos que questionam “copa para quem?”, a grande movimentação
social que eclodiu em torno do Ocupe Estelita tem atuado exercendo seu direito
de perguntar para as autoridades públicas “Cidade para quem?”, pois, o chamado
projeto Novo Recife é visivelmente uma apropriação privada - com o
consentimento da Prefeitura do Recife - do espaço público, cuja luta social
deflagrada é pra que ele seja de fato um espaço público, de uso social e
coletivo indistinto.
É um
dia manchado pela violência institucional e pela truculência desavergonhada do
Estado na defesa inescrupulosa do direito privado à cidade para poucos
beneficiados. A associação que se formou contra o direito à cidade entre a
Prefeitura do Recife, governo de Pernambuco, órgãos federais (IPHAN, SPU...),
as corporações imobiliárias e as autoridades do Legislativo e Judiciário locais
ensanguentou essa manhã e destituiu as poucas crenças que ainda havia nessas
autoridades, pois, elas prometeram que não haveria desocupação sem que antes o
próprio movimento soubesse, dado que uma negociação estava em curso. Tudo
mentira e artimanha rebaixada para que o aparato policial agisse, como de fato
o fez, nas primeiras horas dessa manhã.
Enfim,
amanhecemos no triste dia de hoje sob o efeito imoral de bombas de efeito moral
contra uma sociedade que luta pelo direito à cidade para todos e todas, de
forma lúdica, pacífica e principalmente propositiva.
Saibam
vocês que não desistiremos de uma Recife verdadeiramente democrática, justa e
participativa pra todos e todas!
Comitê
Popular da Copa Pernambuco - Fórum Estadual de Reforma Urbana - Fórum de
Mulheres de Pernambuco – Movimento Ocupe Estelita - Grupo Direitos Urbanos
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